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| Fotografia de Pedro Capelas : @pedro.capelas.fotografia |
Encontrei uns apontamentos dos tempos de faculdade sobre terapia familiar, sobre o ciclo vital da família e, se na altura esperava até à véspera do exame para estudar estes temas, dei por mim a lê-los com entusiasmo, a folhear e a relembrar tudo com alguma saudade e, sobretudo, com mais empatia, experiência e facilidade - afinal, já lá vão quase dez anos.
São muitas as passagens destacadas a marcador, mas a que vou partilhar é da autoria de Robin Skinner, o conhecido psicoterapeuta do actor John Cleese - a título de curiosidade, Skinner e Cleese chegaram mesmo a publicar um livro em conjunto: "Families and how to survive them."
Robin Skinner estudou as razões que levam as pessoas a escolher-se mutuamente.
Porque razão casei contigo?
Skinner responde a esta pergunta de uma forma simples e directa:
"A razão porque nos sentimos profundamente atraídos por alguém é, basicamente, porque eles são como nós, num sentido psicológico."
Esta conclusão parece desafiar o ditado que diz que os opostos se atraem. Skinner insiste na sua conclusão, completando-a:
"Se isso acontece é porque parecem opostos, mas o que faz com que as pessoas se aproximem, são as suas semelhanças. Para que essas semelhanças sejam mutuamente descobertas não é necessário que as pessoas falem sobre elas, pois todos emitem sinais que, mesmo sem serem compreendidos, são sentidos e entendidos pelo outro."
Ana Paula Relvas, psicóloga e autora do livro O Ciclo Vital da Família diz-nos:
"para alguns autores é ponto assente que sem o mínimo de aspectos psíquicos comuns subjacentes à relação entre dois seres esta não se poderá manter, uma vez que não haverá possibilidade de, verdadeiramente, compreender e ser compreendido. Se grande número de divórcios tem como justificação a incompatibilidade entre os parceiros na relação, não se pode concluir que, se os sujeitos são demasiados parecidos, a união está destinada ao fracasso."
Quando nos atraímos por alguém muito diferente daquilo somos, talvez devemos questionar a nossa própria auto-estima. Como é que nos podemos apaixonar por alguém semelhante a nós, se nós próprios não gostamos de nós? A propósito, o Woody Allen inicia o filme Annie Hall com a famosa expressão de Groucho Marx:
"não quero pertencer a nenhum clube que aceite como membros pessoas como eu!"
As diferenças podem ser atraentes numa fase inicial e podem desafiar-nos, mas com o tempo tendem a desgastar a relação. Ao contrário, os gémeos psíquicos entendem-se, elevam-se e a relação flui sem tanto esforço.


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